Adam Escada

Futebol

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e apaixonado por esporte. Fez parte da equipe Futebol Show, nas rádios Piratininga e Estadão do Vale do Paraíba, em 2014. Atualmente trabalha na Goal Brasil e é 
viciado em partidas de futebol.

O Real Madrid de Zinedine Zidane

Postado em: 06/01/2017

Adam Escada

Não há dúvidas de que Cristiano Ronaldo foi o melhor jogador da temporada. Campeão e artilheiro da Champions League, campeão inédito da Eurocopa com Portugal e campeão da Supercopa da Europa e do Mundial com o Real Madrid. O craque português ainda quase abocanhou o Campeonato Espanhol após uma grande arrancada do time merengue na reta final.

Mas se Cristiano Ronaldo levou a Bola de Ouro e é o grande favorito para ficar também com o prêmio de melhor do mundo da FIFA, ele deve tudo a uma pessoa nesta temporada: ao seu técnico Zinedine Zidane.

Após seis meses de um desempenho muito abaixo do padrão, o Real Madrid demitiu o treinador espanhol Rafa Benítez e apostou na contratação do francês que estava no comando do time B do clube e nunca havia dirigido um elenco profissional na sua curta carreira como treinador.

Em poucos meses, Zidane ganhou não só a confiança dos jogadores como montou uma equipe forte e estruturada para todos os campeonatos que disputava, levando o time a conquistas que não eram imaginadas no meio da temporada nem pelo presidente Florentino Pérez que certamente já fazia o planejamento para temporada 2016/17, com outro treinador em mente.

Zidane surpreendeu a todos. Aos 44 anos o francês conquistou três títulos logo no ano em que debutou como técnico – e foi treinar logo de cara nada menos que o poderoso Real Madrid - e retomou a confiança da equipe merengue.

Os números do francês até o momento são impressionantes. O aproveitamento de Zidane é de incríveis 82,4% dos pontos disputados com 40 vitórias e 11 empates. Além disso, atualmente leva a maior sequência de invencibilidade da história do clube. São 37 jogos sem perder (28 vitórias e 9 empates).

O título mundial no Japão tornou o francês apenas o segundo a ter conquistado esse título como atleta e como treinador - o primeiro foi Giovanni Trapattoni.

Além de conquistar os jogadores nos vestiários, Zidane mostrou a mesma inteligência de quando era jogador ao montar a sua equipe. Com dificuldades no sistema defensivo, o treinador sabia que a solução estava no local onde sempre teve o domínio do jogo: no meio de campo.

Por isso, sacou James Rodriguez e passou a jogar com Kroos, Modric e Casemiro, três volantes que sabem marcar, dão qualidade a saída para o ataque e podem facilmente armar o jogo para os atacantes que são de uma qualidade fora do sério. Com uma equipe mais consistente defensivamente o time parou de sofrer gols e as vitórias voltaram a aparecer junto com a retomada da confiança.

Obviamente o Real Madrid não é o mesmo da época de Carlo Ancelotti, não costuma aplicar goleadas nos adversários e jogam de uma maneira totalmente diferente. No entanto, Zidane soube utilizar as peças que tinha no momento e montou uma equipe toda amarrada, deixando Cristiano Ronaldo livre novamente para brilhar e fazer o que sabe de melhor: gols.

Mas para ajustar a equipe o colombiano James Rodríguez precisou ser sacrificado e foi para a reserva. A explicação é simples, o meia tem uma qualidade inquestionável, mas não se encaixa no esquema planejado por Zidane já que tem muitas dificuldades para marcar.

O lateral direito brasileiro Danilo foi mais um que foi sacado da equipe por ser ofensivo demais e não cumprir bem o seu papel de lateral defensivamente. Por isso, Carvajal retomou a sua vaga, apesar de não ser ofensivamente forte.

Zidane foi o melhor custo benefício do Real Madrid dos últimos tempos. Com salário perto dos 10 milhões de euros por ano, ele está longe de ter o maior salário de um treinador no mundo. Uma aposta arriscada de Florentino Pérez, após o Real Madrid fazer investimentos estratosféricos com técnicos renomados nos últimos anos como Mourinho, Ancelotti, Rafa Benitez, etc.

Assim como Cristiano Ronaldo, Zidane foi indicado ao melhor do ano, agora como treinador. No entanto, a tarefa do francês será um pouco mais complicada do que a do português que já está com a mão na taça. O ex-jogador, campeão mundial em 1998, tem como concorrentes Claudio Ranieri, treinador do modesto Leicester que desbancou gigantes na Inglaterra para ser Campeão Inglês e Fernando Santos, treinador da seleção portuguesa, que conquistou pela primeira vez na história a Eurocopa neste ano.

Zidane pode não levar o prêmio de melhor treinador para casa, mas tenha certeza que se Cristiano Ronaldo fosse dividir os seus prêmios, o treinador francês ficaria com boa parte deles.