Adam Escada

Futebol

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e apaixonado por esporte. Fez parte da equipe Futebol Show, nas rádios Piratininga e Estadão do Vale do Paraíba, em 2014. Atualmente trabalha na Goal Brasil e é 
viciado em partidas de futebol.

A Chapecoense mostra que o futebol é inexplicável

Postado em: 06/12/2016

Adam Escada

O futebol brasileiro está sangrando. Uma dor inexplicável tomou conta do país na última semana. O sentimento do 7 a 1 não foi nada comparado com a dor que o povo brasileiro e principalmente os familiares das vítimas do acidente aéreo estão sentindo.

Se normalmente o esporte traz imagens espetaculares e mostra histórias incríveis de superação, na última semana ele nos pregou uma peça, a pior delas possível, trazendo uma angústia imensurável que deixará marcas profundas.

Até a noite anterior ao acidente a equipe da Chapecoense vivia em um conto de fadas. O clube havia chegado a uma final de um torneio sul americano pela primeira vez na história.

Mas não eram apenas os jogadores que estavam animados. Além dos atletas, comissão técnica e diretoria, os jornalistas setoristas do clube também mostravam felicidade. Afinal, eles também estavam no auge de suas carreiras, pois a maioria havia acompanhado a equipe catarinense desde a Série D até a subida para a primeira divisão, chegando neste ano na decisão Copa Sul Americana. Por isso, eles se sentiam parte dessa história.

Ainda estamos esperando chega o aviso de que tudo foi um engano, que todos estão bem e que tudo não passou de um pesadelo. Mas, enquanto custamos a acreditar na tragédia, os noticiários trazem informações cada vez mais tenebrosas dos motivos que teriam causado a queda do avião.

Após uma semana as pessoas já estão extenuadas em ouvir cada novo relato sobre o tema. O peso da tragédia, a dor da perda que pegou todos de surpresa mexeu com as pessoas de uma maneira inexplicável.

No entanto, algumas pessoas parecem não ter noção da proporção do acidente e sem o mínimo de respeito com o clube e os familiares de todos os envolvidos tem a coragem de fazer pedidos indecentes.

Como esperado, a CBF e a FIFA mostraram que apesar de serem os órgãos responsáveis pelo esporte prestam um desserviço ao futebol. A entidade máxima do futebol só se pronunciou na última quinta-feira, dois dias depois do acidente, e anunciou apenas o luto nas partidas deste final de semana em todo o mundo. No entanto, as equipes e as federações de vários países já haviam se antecipado e prestado homenagens nas partidas realizadas no meio da semana. Além disso, a FIFA não anunciou se adorará alguma medida para ajudar a equipe catarinense ou os familiares.

Já a CBF fez pior. O presidente Marco Polo del Nero, no ápice da sua loucura, conversou com o vice-presidente da Chapecoense e pediu para o clube jogar a última partida do Campeonato Brasileiro e fazer uma grande festa...

Ao mesmo tempo em que o presidente da CBF quer que o clube catarinense faça festejos, ele deixou de cumpriu o seu papel de comandante do futebol brasileiro, indo à Colômbia para prestar toda a assistência necessária. Del Nero sequer deu as caras para prestar solidariedade, continuando a sua fuga das entrevistas e das viagens internacionais.

Apesar dos absurdos vistos por parte destas duas entidades, a solidariedade prestada por clubes e torcedores de todo o mundo foi comovente. Mensagens de apoio, homenagens nos uniformes, monumentos históricos iluminados com as cores do clube e cantos de torcida como “Vamo, Vamo Chape” foram apenas algumas das homenagens que o mundo prestou ao clube catarinense.

Mas a maior surpresa veio do adversário da Chapecoense na final da Copa Sul Americana. Além de pedir que o título seja concedido ao clube brasileiro, os torcedores colombianos se uniram para prestar uma emocionante homenagem, lotando o Estádio Atanásio Girardot, estádio onde seria realizada a primeira partida da final, e as ruas no entorno do estádio. Já na partida do último final de semana, após a vitória emocionante nos últimos minutos sobre o Milionários, os jogadores prestaram mais uma bela homenagem, imitando os cantos dos jogadores da Chapecoense após a vitória sobre o San Lorenzo, na Arena Condá, na semifinal da Copa Sul Americana.

E quando todos menos esperavam Dona Alaíde, mãe do goleiro Danilo, voltou a comover a todos ao consolar o repórter do Sportv Guido Nunes pelas perdas dos amigos de profissão.

Esses são apenas alguns pequenos exemplos da mistura de sentimentos que este esporte nos traz e que confirma que o futebol é simplesmente inexplicável.

 

“Que lo escuche todo el continente, siempre recordaremos al campeón Chapecoense”