Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e apaixonado por esporte. Fez parte da equipe Futebol Show, nas rádios Piratininga e Estadão do Vale do Paraíba, em 2014. Atualmente trabalha na Goal Brasil e é
viciado em partidas de futebol.
Postado em: 25/11/2016
Adam Escada
Na última semana duas notícias me chamaram a atenção: a possível punição da FIFA às seleções da Inglaterra e Escócia e a CBF perder o seu 5º patrocinador desde os escândalos do ano passado.
Como é tradição na região, em novembro, o Reino Unido faz várias homenagens aos soldados e as pessoas que morreram na Primeira Guerra mundial. Uma dessas ações é o uso de uma flor de papoula (popularmente conhecida como “Poppy”) no uniforme dos jogadores em memória a estas pessoas no "Remembrance Day" (Dia da Lembrança).
No entanto, a decisão da FIFA de não aceitar qualquer tipo de manifestação política em jogos oficiais pode gerar uma punição aos ingleses e escoceses que resolveram bater de frente com a entidade máxima do futebol. Vale lembrar que em 2011 a FIFA autorizou a Inglaterra usar a flor no amistoso contra a Espanha na mesma época do ano.
Nós brasileiros já estamos “acostumados” com tal posicionamento, visto que na Copa do Mundo de 2014 e em jogos do Brasileirão os torcedores foram e são impedidos de se expressar, ainda que a constituição brasileira permita a liberdade de expressão a todos os cidadãos.
A possível punição da FIFA será somente mais uma prova do atraso e do abuso de poder que a maior instituição deste esporte vive em pleno século XXI, passando em cima de tudo e de todos, nos locais o esporte é praticado.
Que mais países, assim como Inglaterra e Escócia fizeram (ainda que em uma ação simples), batam de frente e que todos nós passemos a questionar este “Padrão FIFA” de se fazer as coisas.
Enquanto as federações e os torcedores se calam e engolem tudo o que a entidade diz ser certo e errado, os dirigentes do alto escalão da FIFA apertam as mãos de ditadores e enviam dinheiro para o “desenvolvimento do futebol” em lugares que as pessoas jamais verão o dinheiro ser investido no esporte. Tudo isso apenas para conquistar o apoio das Federações locais.
O bom momento da seleção e a crise na CBF
A sequência histórica de vitórias de Tite e os ótimos jogos feitos pela seleção canarinho sob o seu comando voltaram a animar o torcedor brasileiro que estava desacreditado com a equipe desde a derrota vexatória para a Alemanha na Copa do Mundo de 2014.
Mas a boa fase da seleção brasileira também é muito perigosa. Enquanto todos comemoram o retorno do bom futebol, a liderança nas Eliminatórias e a classificação para a Copa do Mundo (mesmo que ainda não esteja matematicamente), Marcelo Polo Del Nero comemora o desvio de atenção que conseguiu dar ao contratar o ex-técnico do Corinthians para o cargo.
O presidente da CBF continua sem poder sair do país. Com o FBI no calço, Del Nero também é investigado pela FIFA por corrupção (por mais irônico que isso pareça). Se a seleção brasileira está em alta, o mérito é somente da comissão técnica que assumiu o time em julho deste ano.
A crise na CBF continua, mesmo com os dirigentes da entidade tentando maquiar os escândalos que o presidente está envolvido. Após a prisão de vários dirigentes sul americanos na Suíça em maio do ano passado e a descoberta de desvios de dinheiro, a Sansumg foi a quinta patrocinadora a deixar a CBF desde então.
Ao contrário das demais, a notícia não gerou tanta repercussão na mídia nacional. Acostumados a ter memória curta e criticar a CBF apenas quando o momento da seleção canarinho não é bom dentro de campo, a imprensa brasileira erra mais uma vez ao não abordar de maneira incisiva o assunto que é de extrema importância.
Enquanto Del Nero vive exilado dentro do Brasil, comandando a CBF tranquilamente como se nada tivesse acontecido, nós da imprensa apenas aplaudimos o bom momento da seleção de Tite e esquecemos da crise que a CBF ainda passa após ver ao menos três dos seus últimos presidentes envolvidos em gigantescos esquemas de corrupção.