Postado em: 19/12/2016
Um dos municípios pioneiros na implantação da coleta seletiva nos anos 90, São Sebastião volta a apresentar bons resultados na reciclagem que contribui não só para a qualidade do meio ambiente, mas também reflete em melhores condições de vida para 21 famílias de 16 cooperados e cinco contratados pela Cooperativa de Triagem de Sucata União São Sebastião (Coopersuss).
O trabalho do grupo que começou como associação e se transformou em cooperativa em 2001 rende, atualmente, bons frutos no momento em que o país enfrenta séria crise econômica. O carro-chefe da coleta seletiva no município é o papelão que, somente no mês passado, resultou em 39 toneladas comercializadas pela cooperativa.
Os resultados são possíveis graças à soma de esforços dos cooperados e da Prefeitura que arca com os custos da locação do espaço, pagamento das contas de água e luz, de contrato com a Ecopav, empresa responsável pela coleta seletiva, em doar todo o material reciclável para a cooperativa realizar a triagem e comercialização. A Administração também contribui com o apoio técnico da Secretaria do Meio Ambiente feito pela chefe de Divisão de Educação Ambiental, Christiane Cruz.
Novo espaço
Segundo Sílvio Nogueira, secretário-adjunto de Meio Ambiente (Semam), a cooperativa passou por sérios problemas depois de incêndio, ocorrido em setembro de 2015, que atingiu o antigo galpão e provocou a desativação dos serviços até Prefeitura encontrar outro espaço, posteriormente locado para as atividades da cooperativa. O novo galpão, localizado na avenida Engenheiro Remo Corrêa Silva, 41, na região central da cidade, "proporciona logística mais adequada e melhores condições de trabalho com resultados positivos", explicou Antonio Rocha, há um ano presidente da cooperativa em atividade que está nesse espaço desde março deste ano.
Segundo Christiane Cruz, chefe de Divisão de Educação Ambiental da Semam, apesar de ser menor do que o galpão anterior, o novo espaço oferece melhor logística. "Há uma entrada para receber o material coletado e espaços para a triagem; há ainda a prensa onde, depois o material ter passado por ela, é acondicionado para venda. Não há odor e a cooperativa faz questão de deixar o entorno completamente limpo", disse a bióloga.
Administradora da Coopersuss, Luciana Costa de Souza, está no trabalho de coleta seletiva e reciclagem desde o início da implantação do programa. Em janeiro, completará 18 anos de atuação com muito orgulho, pois foi com a reciclagem que criou suas duas filhas. Com seus companheiros, trabalha de segunda à sexta, das 7h às 17h, e aos sábados, meio período. Atualmente recebe seis caminhões da Ecopav com materiais, sendo três da região central e Costa Norte e três da Costa Sul. A média é de 3 mil a 4 mil quilos por caminhão no Centro e Costa Norte e de 5 mil a 7 mil quilos coletados por caminhão na Costa Sul. Na temporada as viagens dobram de seis para 12. "Recebemos média de 17 itens diferentes e separamos tudo. A maioria do material que chega, cerca de 90%, é reciclado", explicou Luciana. O maior volume comercializado é de papelão, 39 toneladas no mês passado. Tanto papelão quanto ferro são vendidos para Caraguatatuba. Já os vidros vão para São Paulo e garrafas Pet para Lorena.
Porém, um dos problemas é ainda a falta de conscientização das pessoas que misturam produtos reciclados com restos de alimentos, lixos de banheiro, quintal, animais mortos. "Muitas vezes, os coletores não sabem, pois as pessoas colocam numa sacola garrafas, restos de comida ou cães e gatos, mortos. Até cobra já apareceu. A gente só vai ver quando abre para fazer a triagem", comentou. Apesar de tudo, Luciana tem orgulho do trabalho que muitos não conseguem fazer. Numa seleção recente, de 14 entrevistados, apenas quatro apareceram para trabalhar.
Conscientização
Para a administradora da cooperativa, "ainda falta muito para as pessoas terem consciência em separar corretamente o lixo. Isso é tão fácil. Ajuda o meio ambiente a colabora com a gente", afirmou. Para Christiane Cruz, a separação correta não ajuda somente as famílias que tiram da cooperativa seu sustento, mas também tem a questão ambiental e fator econômico. "Todo o nosso lixo é encaminhado para um aterro sanitário em Jambeiro e pagamos por isso. Se as pessoas tiverem consciência na separação dos resíduos todo mundo ganha: a cooperativa, o meio ambiente e a cidade porque economizaremos ao mandar menos lixo para o aterro". Orgulhosa do trabalho da cooperativa, Christiane afirmou ser importante desmistificar a função. "Infelizmente ainda há muito preconceito. É um trabalho digno. Se não tivéssemos a cooperativa, o que faríamos com os nossos reciclados. É um trabalho que deve ser muito valorizado", enfatizou.