Elaine Neves

35 anos do Tamar: soltura de tartarugas emociona crianças e adultos em Ubatuba



Postado em: 21/02/2016


O Projeto Tamar realizou, na tarde de sábado (21/2), a soltura de várias tartarugas, na Praia do Itaguá, região central de Ubatuba. A programação especial para comemorar os 35 anos do projeto começou no Centro de Visitantes com a alimentação interativa das tartarugas marinhas, atividade “Caça ao Tesouro” e um bolo de aniversário.

Na sequência, o público se emocionou com a soltura das tartarugas reabilitadas no projeto. Em 2015, como resultado do constante esforço do trabalho de conservação no litoral, o Tamar comemorou a ocupação das praias brasileiras por uma nova geração de jovens fêmeas de tartarugas marinhas, comprovando cientificamente o início da recuperação dessas espécies em nosso país. Dados analisados de 2010 a 2015 indicam o crescimento de 86,7% no número de filhotes nascidos em relação ao quinquênio anterior. Mesmo com a conquista, estimou-se que no último ano apenas 7.350 fêmeas estiveram em processo de reprodução, número pequeno, segundo Marcovaldi, mas uma grande vitória, já que no início eram poucas centenas na iminência de desaparecerem.

Originado do Museu Oceanográfico de Rio Grande com apoio dos órgãos ambientais federais, o Projeto Tamar constatou que até o começo dos anos de 1980, a matança de fêmeas de tartarugas marinhas e o consumo de quase todos os ovos por pescadores praticamente interrompeu o ciclo de vida desses animais no Brasil. Em 1981, um pequeno grupo de oceanógrafos conseguiu viabilizar o nascimento de 2 mil filhotes, e com a parceria da Petrobras desde 1983 ampliou anualmente o número de tartarugas protegidas. Até hoje, 25 milhões de filhotes já foram para o mar graças à proteção do Tamar. Por fatores naturais, apenas um ou dois em cada mil vão sobreviver, pois mesmo ao nascerem em segurança, é no mar onde passam a maior parte da vida e acontece a maioria dos problemas que serão obrigados a enfrentar, até que em 30 anos consigam atingir a idade adulta para começarem a se reproduzir.

As tartarugas marinhas que hoje se reproduzem no Brasil precisam prosseguir em um mundo cheio de perigos, e por isso esses animais ainda ameaçados de extinção precisam do apoio de toda a sociedade. Redes de pesca, anzóis, degradação de áreas de desova, fotopoluição e a poluição dos oceanos, além das mudanças climáticas, são os principais inimigos das tartarugas e podem interromper a chance de recuperação das cinco espécies que ocorrem no nosso país.

Projeto Tamar

Criado há 35 anos, o Projeto Tamar é uma soma de esforços entre a Fundação Pró-Tamar e o Centro Tamar/ICMBio. Trabalha na pesquisa, proteção e manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, todas ameaçadas de extinção: tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). Protege cerca de 1.100 quilômetros de praias e está presente em 25 localidades, em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso das tartarugas marinhas, no litoral e ilhas oceânicas dos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. Reconhecido internacionalmente como uma das mais bem sucedidas experiências de conservação marinha do mundo, seu trabalho socioambiental, desenvolvido com as comunidades costeiras, serve de modelo para outros países. O Projeto Tamar tem o patrocínio oficial da Petrobras desde 1983, através do programa Petrobras Socioambiental, o apoio do Bradesco Capitalização, e nos nove estados brasileiros onde atua recebe diversos apoios locais.



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