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Artista plástico Lumumba Afroindígena traz para Ilhabela a exposição 'Imersão' após vivências no Parque do Xingu



Postado em: 07/04/2022


O artista Lumumba Afroindígena traz sua exposição “Imersão” para Ilhabela, onde pode ser visitada de 8 a 24 de abril na Fundaci (Fundação Arte e Cultura de Ilhabela), que teve sua primeira mostra em 2018 e foi reativada com passagem pela cidade de Campinas, em março.

De acordo com o artista, retomar essa mostra tem um significado especial. “Para mim, é de grande importância revisitar a temática indígena neste momento, ainda mais quando se sabe que nesses últimos anos o assunto vem sendo tratado na esfera federal com total desrespeito”, afirma. Sobre esse hiato entre a primeira exibição das obras produzidas e agora, diz achar lamentável que tenha ficado engavetada por tanto tempo. “Por abordar uma questão tão relevante, a exposição deveria ter circulado nesse período por escolas e espaços culturais, a exemplo do que estamos fazendo, levando ‘Imersão” para Ilhabela, um território de vasta história de ocupação por comunidades indígenas”, afirma.

A ida para a FUNDACI ocorre, de acordo com a produtora Rita Teles, do Núcleo Coletivo de Artes, pelo fato de “Imersão” ter sido contemplada por um edital do Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo, o Proac, promovido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, que acolheu a proposta de fomentar a instalação da exposição em Campinas e Ilhabela, com permanência de duas semanas em cada cidade. Além da mostra em si, estão previstos workshops sobre grafismo indígena e palestras que pretendem traçar um paralelo entre a linguagem estética do artista norte-americano Jean-Michel Basquiat (1960-1988) e as expressões culturais do Xingu. Também serão promovidas rodas de conversa com convidados e público para discussão de questões relacionadas às temáticas indígena, quilombola e preta.

Sobre Imersão

Com curadoria do Núcleo Coletivo das Artes e Studio Lumumba e composta por cerca de 30 obras (entre pinturas e esculturas), a exposição reúne, com poucas diferenças e algumas peças inéditas, um conjunto praticamente similar ao exibido em 2018 na Matilha Cultural. Como destaque, seis telas produzidas em 2018, na aldeia Ipavu, dos índios Kamaiurá, quando Lumumba teve a oportunidade de testemunhar as celebrações do Kuarup, ritual de homenagem aos mortos ilustres realizado pelos povos indígenas no Alto Xingu. “Passei 12 dias nessa aldeia e depois fiquei quase 20 dias visitando os Xavantes na Serra do Roncador”, diz. Mas esta não foi a primeira viagem do artista à região. Um ano antes, em 2017, ele participou de um encontro de pajés em Pedra, comunidade da etnia Kalapalo.

Ao relembrar essas duas vivências o artista plástico avalia o quanto foram inspiradoras para seu processo criativo. “Sempre tive um apego à causa indígena porque sou brasileiro. Mas este sentimento se reforçou sobretudo depois que me assumi como afro-indígena, concentrando meu trabalho nesta fusão da arte gerada pela cosmovisão dos povos africanos e ameríndios que aconteceu aqui na América Latina”, diz. Neste contexto, Lumumba conta que as duas viagens foram fundamentais e lhe brindaram com matéria-prima intelectual para produzir. “Posso dizer que essas experiências me trouxeram uma inspiração cosmológica, filosófica e antropológica para conceber a exposição”, complementa.

Lumumba Afroindígena

Dividindo-se entre São Paulo e Salvador, onde mantém seus espaços de criação, Lumumba Afroindígena é mineiro, descendente de congoleses Tetelas, da província de Kasai, e integra a terceira geração nascida no Brasil com o nome da bisavó escravizada, Tereza Lumumba, que conseguiu preservar seu sobrenome de origem, e também é bisneto de indígenas da etnia Puri-Guarani, nativos da Serra do Caparaó. Autodidata, iniciou sua trajetória em 2001 pintando orixás em juta, traduzindo os mitos iorubás, influenciado por Michelangelo e Boris Vallejo. Em 2009, começou a se dedicar a trabalhos cenográficos, com vasta produção para parques, teatros, bares e restaurantes conhecidos do circuito boêmio e gastronômico da capital paulista. Iniciado na linguagem da arte urbana (grafite) após se aprofundar na obra de Jean-Michel Basquiat, Lumumba sentiu necessidade de “ir pra rua” entender esse código singular, falar com as pessoas, conhecer outros artistas e trocar experiências. Nesse sentido, tem chamado a atenção com suas obras em diversos espaços públicos, com destaque para a escultura em aço do arquiteto negro Joaquim Pinto de Oliveira, mais conhecido como Tebas, instalada em 2020 na Praça Clóvis Bevilácqua (região da Praça da Sé), e um painel de grande porte pintado em um conjunto habitacional paulistano do projeto Cingapura, em julho de 2021, homenageando as vítimas da Covid-19, pelo projeto da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo,  o Museu de Arte de Rua MAR 360°. Mais informações em @lumumba_afroindigena e @nucleocoletivodasartes.

Ficha técnica

Exposição: Imersão

Artista: Lumumba Afroindígena

Realização: Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo através do PROAC

Idealização: Studio Lumumba

Produção: Rita Teles e Sander Lumumba

Produção geral: Núcleo Coletivo das Artes Produções

Imagens divulgação: Agnaldo Mattos

Serviço

“IMERSÃO”, POR LUMUMBA AFROINDÍGENA

Onde: FUNDACI (Fundação Arte e Cultura de Ilhabela)

Quando: De 8 a 24 de Abril

Abertura: Dia 8/4, às 19h

Horário de visitação: Segunda a quinta das 09h as 18h

Sextas das 09h às 21h

Sábados das 10h às 21h

Domingos das 10h às 20h

Endereço: R. Dr. Carvalho, 80 - Centro

Telefone: (12) 3896-1747



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