Agência Brasil

Pesquisa Módulo/FASS aponta recorde do valor da cesta básica em agosto; preços subiram mais de 25% em um ano



Postado em: 13/09/2021


Pesquisa da cesta básica no Litoral Norte, feita pelo Centro Universitário Módulo e FASS (Faculdade São Sebastião), aponta alta de 1,34% nos preços em agosto comparação ao mês anterior. Na variação de 12 meses, houve um aumento médio de 25,32% nos itens pesquisados. Batata, café e banana foram os grandes "vilões" dos preços no último mês.

 O preço da cesta básica no mês de agosto aumentou em todas as cidades da região. Entre os municípios as variações foram: Caraguatatuba (+1,90%), Ilhabela (+1,36%), São Sebastião (+ 0,42%) e Ubatuba (+ 1,56%). A média dos preços nos municípios aumentou de R$ R$ 595,13 em julho, para R$ 603,10 em agosto (maior preço da cesta na história da pesquisa), alta de 1,34%, muito semelhante variação do mês de julho de +1,29%.

O preço da cesta básica mais elevado foi registrado no município São Sebastião R$ 614,68 e o menor preço em Caraguatatuba R$ 591,62.

Dos 13 produtos que compõem a cesta, em agosto, nove apresentaram alta nos preços e quatro apresentaram recuo na comparação com os preços do mês de julho. Os produtos que apresentaram maiores altas no mês de agosto foram: batata (+34,74%), café (+14,81%) e banana (+10,12%).

Enquanto os produtos que apresentaram maiores reduções foram: tomate (- 4,78%), arroz (- 3,11%) e carne (- 2,07%).

De um modo geral os produtos que apresentaram maior variação em julho são aqueles com a maior variação em agosto, mas com sinais trocados. Por exemplo, o tomate que foi o produto com maior alta em julho, apresentou a mais forte redução em agosto. A batata foi o produto com a mais expressiva redução em julho e apresentou a maior alta em agosto.

Variação semelhante ocorre com a banana, redução em julho e alta em agosto. Há casos como do café, açúcar e manteiga com alta mais elevada nos dois últimos meses.

O aumento no preço da batata (34,74%) é consequência redução da oferta disponível no mercado e do realinhamento de preços em relação ao mês de julho, quando havia excesso de oferta.

As geadas no início do mês de agosto também contribuíram para a redução da oferta e o aumento no preço do produto. Cabe destacar que há um nova safra chegando ao mercado o que pode contribuir para a redução nos preços do produto já nas primeiras semanas de setembro.

A elevação no preço do café é consequência da redução da produção com a seca intensa em 2021 e as geadas do início de agosto.

O açúcar também figura entre os produtos com maior preço nos últimos cinco meses, o que é consequência da maior elevação dos preços internacionais do produto e da queda da produção de cana-de-açúcar no Brasil, reflexo da seca mais intensa em 2021.

O preço da banana apresenta alta após três meses consecutivos de queda, resultado da redução da oferta com o clima mais frio (geadas) que provou a redução da produção nas regiões

Sul e Sudeste

A redução no preço do tomate é consequência do aumento da oferta disponível no mercado e do realinhamento de preços em relação ao mês de julho. Nos últimos três meses há um efeito gangorra na oferta e preço dos produtos, as variações da produção resultam na variação dos preços.

O arroz que foi um dos grandes vilões da cesta alimentar em 2020, no entanto, o produto apresentou redução no preço pelo terceiro mês consecutivo. Esse resultado é consequência da maior oferta do produto no mercado com o aumento da produção e das importações.

A novidade do mês foi a redução no preço da carne bovina. Esse resultado é consequência da queda no preço do boi gordo no mercado brasileiro com a estabilização do mercado externo e as dificuldades de demanda no mercado interno.

Em setembro dois fatores podem contribuir para as variações nos preços. A suspensão temporária das exportações de carne para a China pode provocar redução nos preços do produto no mercado interno. Um outro fator a ser observado será o impacto no aumento nos preços da energia e combustíveis, que pode contribuir para a alta no preço de alguns produtos.

Resultados nos últimos 12 meses

A variação nos preços dos produtos da cesta básica nos últimos 12 meses exclui fatores sazonais como a alta e a baixa temporada, características dos municípios litorâneos ou variações decorrentes dos períodos do ano como safra e entressafra, típicas dos produtos agropecuários.

A comparação anual aponta o aumento de preços da cesta básica no mês de agosto de 2021 em comparação a agosto de 2020. O preço da cesta básica aumentou nos quatro municípios do Litoral Norte, em Caraguatatuba (+28,00%), Ilhabela (+24,95%), São Sebastião (+ 24,01%) e Ubatuba (+ 28,56%).

Nos últimos 12 meses os preços da cesta apresentaram variação de +25,32%, muito superior em relação a prévia da inflação nacional que é Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), cuja variação nos últimos nos últimos 12 meses (de agosto 2020 a agosto de 2021) foi de 9,13%.

De acordo com a avaliação dos pesquisadores, o aumento nos preços dos alimentos básicos é muito preocupante, pois atinge mais diretamente a população com menor renda, que gasta proporcionalmente mais recursos na aquisição desses bens. A inflação dos pobres é maior que a inflação média, considerando a redução do poder de compra daqueles que ganham menos.

Por exemplo, quem ganha salário mínimo teve reajuste de 5,25%, enquanto o custo da cesta básica teve elevação de 25,32%, quase cinco vezes mais.

Entre os produtos que apresentaram maiores altas nos últimos 12 meses, destaque para o tomate (+ 64,36%), café (+ 62,52%), óleo de soja (+56,35%), açúcar (+ 49,80%) e carne bovina (+36,35%).

O único produto que apresentou redução nos preços nos últimos 12 meses foi a banana (- 0,94%).

O estudo aponta também a variação nos preços da cesta básica nos últimos 12 meses. No segundo semestre de 2020, o preço passa de R$ 477,44 em agosto para R$ 581,59 em dezembro.

Em 2021, os preços da cesta básica apresentam ritmo de crescimento menor em comparação ao observado em 2020. No entanto, os preços dos alimentos continuam altos nos últimos 12 meses, com variação muito superior à inflação média ou ao aumento do salário mínimo.



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