Radar Litoral

Litoral Norte amanhece com comércio fechado e empresários temem demissões; em Ubatuba, comerciantes fazem protesto



Postado em: 25/01/2021


O decreto do governador João Dória (PSDB), que colocou o Litoral Norte na Fase Vermelha do Plano São Paulo - que permite apenas o funcionamento de estabelecimentos considerados de serviços essenciais - começou a valer nesta segunda-feira (25/1). Com isso, a região amanheceu com grande parte do comércio fechado. Empresários entrevistados pela reportagem do Radar Litoral já falam em demissões e até mesmo em falência caso as medidas continuem. As associações comerciais da região manifestaram repúdio à decisão do Estado: "o comércio não é culpado e não merece pagar essa conta". 

Um dos proprietários de loja ouvidos pela reportagem salientou por exemplo as praias lotadas. "Se não pode o comércio funcionar, porque as praias podem ficar cheias. E mais, a praia recebe este movimento, e o ambulante que precisa trabalhar não pode estar lá. Não tem critério, não tem coerência. Jogo político e a conta chegou pra gente. Já tive que mandar uma funcionária embora e pensando o que vou fazer". 

Já um proprietário de pizzaria manifestou seu repúdio ao governador. "Não somos disseminadores do vírus. As cidades lotadas e não podemos ter atendimento ao público. As aglomerações estão nas praias, em eventos sociais, não no comércio". 

Ao contrário do que ocorreu em 2020, o fechamento do comércio neste ano não tem previsto qualquer subsídio do governo federal, como o afastamento do funcionário com parte do pagamento subsidiado. Pelo contrário, houve aumento da carga tributária.

Nesta manhã, em Ubatuba, comerciantes protestaram em frente à prefeitura, pedindo para que a prefeita Flávia Pascoal cobre do governo do Estado a revisão da Fase Vermelha. Em uma live na internet, ela informou que seguirá para São Paulo para buscar uma reunião com representantes do Estado. 

Em Ilhabela, o comércio se mantém aberto até às 14h desta segunda-feira após uma reunião entre Ministério Público e o prefeito da cidade, Toninho Colucci. Segundo ele, os municípios são obrigados a cumprir o plano em razão de decisão judicial, sob pena de multa de R$ 100 mil (cem mil reais), por dia de descumprimento e o prefeito poderá responder na justiça por improbidade administrativa. “Conseguimos junto ao MP, retardar a fase até às 14h, do dia 25 de janeiro, após esse horário deixaremos a fase laranja e entraremos na vermelha”, explicou.

As associações comerciais de Caraguatatuba e de São Sebastião repudiaram a decisão estadual. Segundo a nota da Associação Comercial de Caraguá, desde o início da pandemia, os estabelecimentos comerciais se adequaram e se sacrificaram para cumprir todas as exigências e protocolos sanitários impostos pelos órgãos da saúde para que continuassem exercendo suas atividades, aceitando, inclusive, ficarem meses com as portas fechadas acreditando no discurso do desconhecimento do vírus e preparação da saúde. “Vimos um grande empenho e esforço em âmbito municipal para isso, porém, nenhuma ajuda em nível estadual. Pelo contrário, o estado, além de não ajudar, aumentou a carga tributária (ICMS) sem levar em conta a situação difícil das empresas e sem pensar na população já que essa atitude gerará desemprego em massa”.

A Associação Comercial cita que não há um estudo realmente minucioso sobre as regiões, levando em conta inclusive o fato de que Caraguatatuba, por exemplo, não deveria estar seguindo o que se propõe à cidade de Taubaté. “São realidades absolutamente diferentes, com números e condições distintas e que, portanto, deveria ser melhor avaliado pelo governo, que diz ter tantos estudos científicos sobre o caso, mas não os apresenta”.

Já a Associação Comercial de São Sebastião considerou a situação como descaso do Estado com a classe. "A atitude do Estado deixa claro o total descaso com uma classe que tem se dedicado tanto ao combate à pandemia, exatamente porque depende das suas portas abertas e seu estabelecimento funcionando para sustentar sua família e seus funcionários. Por fim, as pessoas precisam se conscientizar que a maior prevenção é a proteção individual (máscara), isolamento vertical, tratamento preventivo, seguindo o protocolo do Ministério da Saúde, para evitar o agravamento da síndrome gripal provocada pelo vírus. Pois, mesmo com o fechamento do comércio, sabemos muito bem que a aglomeração em São Sebastião continuará acontecendo, pois é de conhecimento de todos o alto índice das pessoas aglomeradas em Praias, Festas Clandestinas, entre outros".



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