Postado em: 21/03/2020
Com apoio da polícia e do Ministério Público, o prefeito de Caraguatatuba, Aguilar Junior, esteve na tarde deste sábado (21/3) no canteiro de obra da duplicação da serra da Rodovia dos Tamoios, onde determinou a paralisação total. Até o meio-dia deste domingo (22/3), toda a obra deverá estar paralisada, mantendo apenas serviços de segurança. A aglomeração de trabalhadores foi denunciada pelos próprios operários em reportagens do Radar Litoral. Nesta manhã de sábado, novas imagens de ônibus lotados, refeitórios e vestiários foram recebidas.
"Fui até a obra da Queiroz Galvão e percebi pelo menos seis ônibus lotados, comprometendo a segurança daqueles funcionários", relatou o prefeito, que esteve junto com dois promotores de justiça no local. "A obra começa a desacelerar a partir de hoje e até o meio dia de domingo vai parar. Vai manter apenas serviços essenciais, vigias, algumas bombas que não podem ser desligadas. Várias reportagens, pessoas entrando em contato com a gente. Fomos lá com a Vigilância Sanitária e amanhã até 12h não funcionará a produção". complementou o prefeito em vídeo ao vivo na internet.
Reportagem Radar Litoral
O Radar Litoral voltou a receber na sexta-feira (20/3) relatos de trabalhadores da obra de duplicação da Rodovia dos Tamoios (SP-99), que apontam a falta de medidas efetivas para evitar a disseminação do Coronavírus. "Aqui na obra estão todos apreensivos e com medo dessa pandemia. Não temos o apoio e nem compreensão da empresa", apontou um dos operários. Em entrevista ao Jornal da Morada na manhã de sexta, o prefeito de Caraguatatuba, Aguilar Junior, informou que determinou a paralisação imediata da obra - que conta com mais de 1,5 mil operários. Contudo, a obra continuou até este sábado, quando o prefeito fez a visita ao canteiro acompanhado do MP e Polícia Militar.
Os trabalhadores relataram ao Radar Litoral que são grandes pontos de concentração na obra. "Todos os dias pegamos os ônibus lotados e sujos (pois os bancos são de tecido e não tem como ser higienizado) os refeitórios ficam lotados, o próprio trabalho em si é feito em equipe. O álcool em gel é fornecido em pequenas quantidades e de péssima qualidade, nem odor tem. Nossos banheiros e lugares comuns não são higienizados adequadamente. Estamos a mercê com a falta de máscaras no mercado, agora eles estão oferecendo para nós, uma máscara que não é adequada para o nosso tipo de atividade, tudo isso para não parar de produzir. Tivemos uma palestra ontem (19/3) que não podemos parar pois se pararmos iremos ficar sem dinheiro e não ia solucionar os nossos problemas. As recomendações dadas por eles foram: lave as mãos com frequência e passe álcool em gel e não fiquem mais na área de lazer (vivência). Aí eu pergunto: onde é pra ficar então? Dentro do refeitório? Na pista? Ou dentro no ônibus?", relatou um dos operários entrevistados.
A reportagem do Radar Litoral enviou novamente os relatos à empreiteira Queiroz Galvão, responsável pela obra. Em nota enviada na sexta-feira, a empresa informou que medidas foram adotadas, mas obra seguiria em andamento. "A Construtora Queiroz Galvão, responsável pela duplicação da rodovia dos Tamoios, informa que está cumprindo rigorosamente com todas as orientações do Ministério da Saúde sobre a pandemia do novo coronavírus e, para isso, já adotou diversas medidas para proteger seus colaboradores, sem, no entanto, suspender as operações da empresa. Entre as ações implantadas, destacamos: realização de diálogos de segurança com a equipe em local aberto, em pequenos grupos, mantendo a distância mínima de 1,5 metro; implantação de locais extras para lavagem de mãos; disponibilização de álcool em gel e copos descartáveis em todos os locais de trabalho; reforço na limpeza de equipamentos de proteção individual; escalonamento no horário da refeição e de entrada e saída; escalonamento dos ônibus que fazem translado de entrada e saída; reforço na limpeza diária nos ônibus, nas áreas comuns, escritório, banheiros e vestiários. Todos estão sendo orientados a ficar em casa se apresentarem qualquer sintoma do COVID-19. A CQG acredita que mitigar os efeitos da pandemia é responsabilidade de todos e está focada em participar ativamente desse esforço".
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