Wagner Teixeira pede exoneração, deixa governo Ernane nesta segunda e anuncia pré-candidatura a prefeito

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São Sebastião-27/03/2015 - Em entrevista ao Radar Litoral, o secretário de Governo da Prefeitura de São Sebastião, Wagner Teixeira (PV), afirmou que a partir da próxima segunda-feira (30/3) não fará mais parte da administração municipal. Ele informou que pediu a exoneração e assim deixa o cargo que ocupava desde o início do segundo mandato do prefeito Ernane Primazzi (PSC) para cuidar de sua empresa e se dedicar a sua vida política. Wagner Teixeira, que foi vice-prefeito no primeiro mandato de Ernane, confirmou que é pré-candidato a prefeito. Ainda na entrevista, WT falou sobre reuniões com outros grupos políticos, entre eles, com o ex-prefeito Juan Garcia, e sua avaliação sobre a atual situação do município.

São Sebastião-27/03/2015 - Em entrevista ao Radar Litoral, o secretário de Governo da Prefeitura de São Sebastião, Wagner Teixeira (PV), afirmou que a partir da próxima segunda-feira (30/3) não fará mais parte da administração municipal. Ele informou que pediu a exoneração e assim deixa o cargo que ocupava desde o início do segundo mandato do prefeito Ernane Primazzi (PSC) para cuidar de sua empresa e se dedicar a sua vida política. Wagner Teixeira, que foi vice-prefeito no primeiro mandato de Ernane, confirmou que é pré-candidato a prefeito. Ainda na entrevista, WT falou sobre reuniões com outros grupos políticos, entre eles, com o ex-prefeito Juan Garcia, e sua avaliação sobre a atual situação do município.

Radar Litoral – Como primeira pergunta, tivemos a informação sobre sua saída da Prefeitura de São Sebastião, isso realmente procede e qual o motivo de deixar o governo?
Wagner Teixeira – É verdade, tive uma conversa com prefeito há um tempo e estou pedindo a minha exoneração. Estou saindo numa boa, porque tenho meus compromissos, sou empresário, tenho que tocar minha vida. E fora isso, tenho uma pretensão de militar ainda na política e não me sobra tempo. Dentro de uma secretaria a gente fica com seus afazeres e eu acabo não rendendo nem bem para Prefeitura, nem bem dentro da minha própria empresa. Perante a isso, eu pedi a exoneração e no dia 30 de março agora estou saindo e vou tocar minha vida empresarial e também minha vida política, que ficou muito afastado. As pessoas acham que sou o vice-prefeito de São Sebastião e eu não sou, o prefeito é o Ernane e o vice é o Dr. Aldo, então, eu estou fora da militância política. Apesar de estar na Secretaria de Governo, os cargos ocupados por políticos são os 12 vereadores, o prefeito e o vice, esses foram eleitos pela população. Vou tentar trabalhar para fazer um corpo político.

RL – Qual a avaliação deste período que você esteve no governo?
WT – Foi um período bom e hoje a gente passa por um período ruim. Vocês acompanham, são moradores daqui, é nítido que a Prefeitura passa por um momento conturbado. Não se tem dinheiro, e quando não se tem dinheiro, falta mais zelo com o bem público, você vê uma rua um pouco mais mal cuidada, ou deixa de ser cuidada.  Você vê que falta uma coisa ali, outra coisa lá, falta uma série de outras coisas. Isso foi por conta de dinheiro oriundo da Petrobras, que se depositou em juízo e aí trava toda uma cidade.  Que no meu caso, a gente tem que parar de ser refém da Petrobras. Se a Petrobras amanhã falir, São Sebastião vai falir junto? Sim, porque a receita que a gente tem maior são royalties e IPTU, uma grande fatia. Tem que se investir no fomento do turismo, pegar essas empresas e apoiar para que se gere mais empregos. Hoje temos pessoas desempregadas, o empresário passando dificuldade e o município é o principal alicerce para dar apoio para essas pessoas. Hoje, o município fragilizado não consegue, aí ficam todos fragilizados. Acho então que precisa fomentar tudo isso aí.

RL - Com essa saída, você então se coloca com pré-candidato a prefeito?
WT – Com certeza, sou pré-candidato, ponho o meu nome à disposição.

RL – E como está a sua situação política?
WT - Minha situação política está bem resolvida, tenho que entregar minhas certidões no dia que homologar minha candidatura, então em junho (2016). Muita gente fala que estou inelegível, que estou isso, que estou aquilo, mas vamos esperar até junho pra ver se sou candidato ou não sou. Alguns até temem, ficam propagando aí na cidade que se for candidato rasgam a OAB, falam que andarão pelado na cidade (risos). É mais fácil me deixar ser candidato, ir lá e ganhar a eleição. A democracia que vai decidir quem vai ser o prefeito da cidade a partir de 2017. 

RL - Como está a questão jurídica? Você pode ser candidato?
WT - Quero deixar claro que eu não tenho condenação na Justiça. O Tribunal de Contas rejeitou as contas de 2005, quando fui presidente da Câmara, que foi julgada em 2008. Em princípio, eu estaria inelegível por cinco anos, venceria em 11 de novembro de 2013. Com a Lei da Ficha Limpa, passou para oito anos. Só que a rejeição foi antes da lei. Não tenho condenação por dolo. Quando minhas contas foram rejeitas, o TCE não encaminhou para o Ministério Público. Foram erros contábeis que totalizaram R$ 44 mil e que hoje viraram mais de R$ 200 mil, que estou brigando para não pagar, pois tenho convicção que não errei. Quem tinha de zelar pelas contas eram os advogados, contadores, o meu financeiro. Estou pagando pelo preço de um erro técnico, se é que houve. Tenho uma ação que o ex-prefeito Juan entrou contra mim alegando que não recolhi INSS e Imposto de Renda. Tenho todos os documentos comprovando. Em primeira instância, o juiz me condenou por improbidade administrativa. Já recorri e o processo está suspenso, mas isso não inviabiliza politicamente. A mesma ação corre em três vertentes: contra mim, contra a Câmara e o ex-presidente Marcos Leopoldino. Ninguém pode ser julgado várias vezes pela mesma questão. No caso das contas, tenho perito que paguei particular, que prova que houve erro do TCE. Só vou esperar sair a decisão mais cedo ou mais tarde. Temos duas vertentes: a anulação da decisão e que a rejeição de contas se deu antes da Lei da Ficha Limpa, portanto a suspensão dos direitos políticos deveria ser de cinco anos.

RL – Você deixando a administração, como sai o Wagner na relação com o prefeito Ernane?
WT – Primeiro que o Ernane é meu amigo, é meu compadre, fui vice-prefeito dele, fiquei até os cinco últimos dias da campanha como candidato a vice, depois renunciei pro Dr. Aldo ser o vice. Então, tenho uma amizade com o Ernane. Eu não vou sair da administração cassando as bruxas, até porque participei de alguma maneira dessa administração. Os ônus da administração eu assumo, apesar de não ser o prefeito, mas participei disso. Tem os ônus e os bônus também. Espero que saindo da administração, e o Ernane concluindo o Hospital da Costa Sul, a Praça Pôr do Sol, concluindo as obras que vão ser feitas na Costa Norte, a Praça do Kite Surf, a iluminação pública, eu também tenha parte deste bônus, porque participei disso. Mas hoje, pretendo ter uma boa conversa com Ernane, eu que estou saindo, não está me exonerando. Tranquilo, ele vai tocar a Prefeitura e vou tocar a minha vida.

RL – Você vislumbra numa eventual candidatura ter o apoio do prefeito Ernane?
WT – Quem não gostaria ter o apoio de um prefeito, de uma máquina. A máquina é importante e se o Ernane achar que num futuro ele possa vir a me apoiar, beleza. Não sei, o Ernane falava lá atrás que eu poderia ser o sucessor dele natural. Hoje estou saindo da administração e ele tem outras pessoas que podem ser o sucessor natural do prefeito. Então, ele que vai saber escolher quem será o sucessor dele. Independente disso, já sou pré-candidato, o Ernane querendo ou não.

RL – Muito se falou nos bastidores e até confirmado em uma entrevista do próprio prefeito ao Radar Litoral sobre uma conversa sua com o ex-prefeito Juan. Como está essa relação?
WT – Foi verdade e essa informação da entrevista do Ernane, quem realmente passou pra ele sobre a reunião fui eu. Até porque quando você ocupa um cargo de secretário, você ter que se fiel, um cargo de confiança do prefeito. Falei ‘estou indo conversar com o ex-prefeito Juan pra falar de política’ e tivemos lá pra falar de política, sobre o futuro de São Sebastião, o que ele acha, uma pessoa que foi prefeito. Por sinal fui presidente da Câmara, tivemos muitos embates, fui adversário, já apoiei o Juan e ele perdeu uma eleição onde inclusive meu tio Teixeirinha foi o vice dele, e fui contra ele duas vezes e nem por isso vou deixar de ser um agente político. Políticos conversam com políticos. Você vê Sarney falando com Lula, Collor falando com Sarney, pessoas que tiraram o Collor do poder. Quando você fala que está construindo uma conversa com um candidato, sempre é visando o melhor para uma cidade. O Juan é uma pessoa pelo que me falou que quer o melhor pra cidade, eu quero o melhor para a cidade. Se lá na frente a gente vai estar junto ou não é uma questão de se conversar lá na frente. Como conversei com o ex-prefeito Luizinho, com o prefeito de Ilhabela, Colucci que me procurou, como conversei com vários vereadores, outros candidatos. Eu sou uma pessoa que quero ser candidato a prefeito e estou procurando pessoas do meio político pra conversar, isso é natural.

RL – O que chama mais a atenção, lógico, até pelas disputas que tiveram entre você e o ex-prefeito Juan, é esta possível aproximação. Então é possível caminharem juntos na eleição municipal do ano que vem?
WT – É possível que a gente caminhe para ter um projeto alternativo pra São Sebastião. Porque hoje só se fala em um projeto que ninguém conhece, qual é esse projeto?
Hoje na cidade parece que só tem um candidato, que todo mundo é m....; tem gente já negociando cargo de secretário, de diretor; na Costa Sul tem gente que já foi candidato falando que vai ser regional, eu já sei quem vai ser secretário de Fazenda, de Obras. E a gente, quando vê uma situação dessa a gente quer sentar pra ver outro projeto. Então, quando você quer e vê que outras pessoas enxergam da mesma maneira, e o Juan enxergou dessa maneira, por esses motivos a gente conversa e quem sabe num futuro possa ter uma aliança ou não. O Juan é pré-candidato a prefeito e eu sou pré-candidato a prefeito, mas o projeto que estão querendo colocar pra São Sebastião, uma coisa é clara, eu não concordo e ele não concorda, então nisso a gente já se deu bem.

RL - Como construir seu trabalho daqui em diante, na busca de apoio e lideranças. Como formar esse grupo?                                                                                                                                                                

WT - Vou procurar as pessoas que querem se envolver, a sociedade civil organizada. Vou procurar os políticos, os diversos segmentos profissionais, como o Conselho de Engenheiros e Arquitetos, a área de saúde. Quero conversar com todos os segmentos para percebermos onde estão os problemas da cidade. Não adianta eu vir a ser um candidato e achar que eu sei tudo que acontece na cidade e vou ser o salvador da pátria. Eu sei como acontece dentro da minha empresa. Dentro da Prefeitura, o Ernane sabe o que acontece, sabe o tamanho do cobertor dele. Não sei a fundo o que acontece dentro da Prefeitura porque não sou o prefeito. Vou procurar segmentos organizados ou não para ajudar a fazer um plano de governo e errar menos. Quero cumprir tudo que for prometido, pois geralmente o candidato faz um discurso com promessas e não consegue cumprir. Isso ocorre porque não ouviu ninguém. O discurso é da cabeça dele. O meu discurso vai sair da cabeça das pessoas. Sou uma pessoa que gosta de ouvir os outros.

RL - O que você espera para o futuro de São Sebastião?
WT - Primeiro o que é São Sebastião? É uma cidade turística, uma cidade industrial ou uma cidade portuária. Moro aqui, sou empresário e não consegui descobrir ainda. Tem hora que a gente espera a temporada, mas chove cai estrada. Aí dizem que vão fazer a estrada e vai bombar o Porto. Aí você vê que as coisas não acontecem, porque acaba o dinheiro, tem fraude. Nós temos que ficar independentes de governo do estado, governo federal, Petrobras. Temos de fazer a nossa identidade. A bandeira número de nossa cidade é o Turismo. Não podemos ficar dependentes da Petrobras. A empresa ficou devendo R$ 70 milhões de IPTU e quebrou o Município. Cada um que passou fez um pouco, mas não foi o suficiente. Tem de fazer rápido as coisas. As construções estão aumentando, as praias estão cada vez mais poluídas. Até quando alguém vai querer investir no turismo em São Sebastião? Depois de estiver poluída e degradada, ninguém mais vai se interessar. Temos de fomentar o Turismo. Pegar o exemplo de nossa vizinha Ilhabela que tem pelo menos um evento por mês, desde quando não tinha dinheiro dos royalties. A cidade se preparou e vive do turismo. Agora veio o complemento dos royalties. Aqui só dependemos da Petrobras.  Não temos áreas para construir casas populares. As pessoas que moram em áreas de risco estão lá por falta de opção. São os que trabalham para aqueles que têm casa na região.