Radar Entrevista: Coringa quer união de todos os vereadores e prevê corte de cargos na…

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São Sebastião-13/01/2015 - O vereador Luiz Antônio de Santana Barroso, o Coringa (PSD), assume a presidência da Câmara Municipal de São Sebastião pela segunda vez. Ao completar uma semana no cargo, recebeu a reportagem do portal RADAR LITORAL para uma entrevista. Ele acredita que a disputa deixou algumas arestas que deverão ser aparadas em breve e se considera amigo de todos os vereadores. Coringa afirmou que terá de fazer corte de cargos na Câmara para não ultrapassar o limite constitucional da folha de pagamento. Sobre seu futuro político, acredita que ainda é cedo para decidir e prefere esperar a movimentação dos diversos grupos políticas. Confira a íntegra na seção Radar Entrevista.

São Sebastião-13/01/2015 - O vereador Luiz Antônio de Santana Barroso, o Coringa (PSD), assume a presidência da Câmara Municipal de São Sebastião pela segunda vez. Ao completar uma semana no cargo, recebeu a reportagem do portal RADAR LITORAL para uma entrevista. Ele acredita que a disputa deixou algumas arestas que deverão ser aparadas em breve e se considera amigo de todos os vereadores. Coringa afirmou que terá de fazer corte de cargos na Câmara para não ultrapassar o limite constitucional da folha de pagamento. Sobre seu futuro político, acredita que ainda é cedo para decidir e prefere esperar a movimentação dos diversos grupos políticas.

Leia a íntegra da entrevista.

Radar Litoral - Qual o balanço que o sr. faz dos primeiros dias à frente da presidência da Câmara?
Coringa - Estamos sentindo ainda em que pé se encontra a Câmara Municipal. Não tenho dúvidas que a Câmara está bem e foi bem administrada pelo presidente anterior. Vamos dar sequência no trabalho, mas da nossa maneira. Cada um administra da sua maneira. O objetivo de todos nós é prestar um bom serviço à comunidade.

RL - E qual é a sua maneira de administrar?
Coringa - É dar atenção ao povo que nos procura com suas necessidades do dia a dia. Nós estamos aqui para ajudar. As pessoas enxergam os vereadores como aqueles que podem ajudar a solucionar estes problemas. Entramos em contato com empresas como Sabesp, Bandeirante e também demandas com a Prefeitura e acabamos ajudando.

RL - Com está a sua relação com os demais vereadores que não integraram o G-8 na sua eleição?
Coringa - Não tem como não sair de uma eleição, mesmo de presidente da Câmara, e não ter arestas. Eu já estou trabalhando nesse sentido e espero até o final deste mês resolver todas as pendências. Todos os vereadores, sem exceção, são meus amigos. Sempre tive um bom relacionamento com todos eles. Esse relacionamento com o grupo dos 8 que me elegeu ficou mais próximo, mas isso não me distancia dos demais, pois têm o meu respeito e também tenho o deles. Não existe dificuldade de relacionamento, mas sim a questão política, já que a Câmara é estritamente política. Não teremos qualquer dificuldade.

RL - Como está a questão estrutural da Câmara?
Coringa - Na verdade, o ex-presidente Marcos Tenório deu início a uma reformulação e vamos dar sequência. Talvez algumas mudanças que não podemos nos antecipar, pois ainda não deu para tomar pé de toda a situação. Tenho certeza que foi um estudo muito bem elaborado, visando o respeito ao dinheiro público e a valorização dos funcionários, sem perder a necessidade que temos de atender a população por meio de nossos assessores, que ficam distribuídos ao longo do município para contato com a população, especialmente nos bairros mais afastados.

RL - Como o sr. avalia o período em que foi líder do governo?
Coringa - Politicamente você se destaca, pois tem as informações da Prefeitura para poder defender. Como exemplo, a Praça do Kitesurf, que anunciamos e a licitação está em andamento. Era uma reivindicação dos comerciantes e dos esportistas. É muito mais fácil criticar. O difícil é dar a solução e defender. Dizem que eu me saí bem e espero ter correspondido às expectativas da administração. Existe sim um ganho político, uma experiência de trabalho. Você passa a enxergar as coisas de outra maneira, não apenas da forma crítica, mas de quem está sendo criticado.

RL - Como está a sua relação com o prefeito, já que ele teria apoiado a candidatura do vereador Reis à presidência?
Coringa - Muito boa. Talvez eu seja o vereador que tenha sido mais tempo líder do mesmo prefeito, pois fiquei por quatro anos. No meu primeiro mandato de presidente, fui eleito com apoio do prefeito. Existe um grupo político que ganhou as eleições em 2008 e que foi reeleito. Nem todos se dispõem a ser presidente da Câmara, pois sabem a dor de cabeça que é. Eu já tive a minha oportunidade e o vereador Marcos Tenório a dele. O prefeito entendeu que agora era a vez de dar a oportunidade ao vereador Reis, mas eu não posso abrir mão das minhas pretensões políticas. Isso é um jogo limpo dentro da política. As nossas candidaturas eram legítimas por também fazer parte do grupo do prefeito e ser seu líder há quatro anos. Não entendo que o prefeito foi contra mim, mas tentou agradar “gregos e troianos” e isso é praticamente impossível. Eu tenho um carinho e um respeito grande pelo prefeito Ernane. Vou ajudá-lo na Câmara como fiz no meu primeiro mandato como presidente e como líder durante quatro anos. Da minha parte não tem mágoa alguma, assim como por parte dele.

RL - Quais são suas pretensões políticas futuras? Pretende ser candidato a prefeito?
Coringa - Não me coloco à disposição neste momento. Quero cumprir os dois anos de presidente, fazer um bom trabalho. Em meu primeiro mandato como presidente, consegui agregar todos os vereadores, manter um bom relacionamento com a imprensa, executivo e diversos setores da sociedade. Não me coloco como pré-candidato a prefeito. Temos de aguardar o posicionamento dos grupos políticos e a partir daí tomar uma decisão. O prefeito quer fazer o seu sucessor e não quero atrapalhar nada. De repente, uma manifestação minha pode causar mal estar no grupo político. Eu trabalho politicamente para quando chegar as eleições eu possa estar em uma posição de ajudar. Na minha primeira eleição, quando apoiei o ex-prefeito Juan tenho certeza que tive uma parcela importante na sua eleição, mesmo que, por ventura, não houve um reconhecimento. Na eleição e reeleição do Ernane creio que tive um papel importante. Isso é um trabalho que construímos ao longo do tempo. Eu tenho que trabalhar para nas eleições poder estar contribuindo no grupo que estivermos. Meu partido é independente, não temos obrigações futuras com ninguém no futuro. Tenho uma ligação muito grande com o prefeito Ernane, mas não uma obrigação nas próximas eleições, pois não sabemos que será o seu candidato. Meu partido é livre para apoiar qualquer candidato.

RL - O sr. teve as contas rejeitadas. O que diz a respeito disso?
Coringa - O TCE (Tribunal de Contas do Estado) de São Paulo e de Santa Catarina, somente estes dois estados, entende que a dívida ativa da Prefeitura não faz parte do orçamento. A Prefeitura entendia que fazia parte. O único problema que tive nas contas foi o repasse que a Prefeitura fez para a Câmara, que não foi de minha responsabilidade. Como posso ser penalizado por algo que está sendo mal interpretado. Não houve erro da Prefeitura, mas uma interpretação diferente do TCE. A Câmara tem direito constitucional a 7% do orçamento que a Prefeitura apresenta. Agora que chegou à Justiça, é que eu vou me defender. É importante frisar que não tenho sequer um centavo das minhas contas a devolver. Todos os nossos contratos foram aprovados na íntegra. Recolhemos os impostos e repassamos às suas competências. Isso é uma questão que me deixou muito feliz e a história da Câmara é um pouco diferente. O STF já se manifestou que para não poder ser candidato por improbidade administrativa, tem de haver dolo. Isso não houve da minha parte. Vamos entrar com duas ações, pedindo a nulidade do parecer do TCE e pedindo a minha elegibilidade. Vale lembrar que o repasse que o Tribunal entendeu que foi a mais chegou a R$ 280 mil. No final do ano, eu devolvi à Prefeitura mais de R$ 400 mil. Eu poderia ter devolvido como duodécimo e resolveria o problema. Mas devolvi em diversas rubricas, como combustível e mão de obra. Tudo isso vamos mostrar nos autos e temos convicção que vamos ganhar.

RL - E a recomendação do Ministério Público para o corte de cargos na Câmara?
Coringa - As câmaras podem chegar a 70% do seu orçamento com folha de pagamento. Nós temos de tomar esse cuidado. O MP aponta alguns cargos que no seu entendimento não deveriam ser nomeados, mas efetivos. Existem alguns cargos, apesar da pessoa trabalhar e ter sua função, no organograma, não estão ligados a uma diretoria ou divisão. Estão ligados estritamente ao gabinete da presidência e ficam distribuídos ao longo do município e nos gabinetes dos vereadores. Diante disso, o MP entende que há um excesso. Vamos distribuir no organograma, atrelados em diretorias e divisões. Mas cortes nós vamos fazer, com certeza. Vamos diminuir drasticamente a nossa folha de pagamento, que sempre foi o nosso problema. Vamos cortar alguns cargos.

RL - Está nos seus planos a construção de uma nova sede para o Legislativo?
Coringa - Vamos tentar economizar o máximo possível de recursos. Tudo que economizarmos ao longo desse ano, vamos devolver para que a Prefeitura possa usar no Hospital da Costa Sul. É uma contribuição da Câmara. Entre a construção de uma nova sede, que é extremamente importante, e a do hospital, vamos priorizar a saúde. É uma necessidade urgente e uma vontade do prefeito e dos vereadores. Mas a Prefeitura vai construir uma nova sede por meio de um financiamento da Caixa Econômica Federal. O que o Município gasta de aluguel é o que vai pagar neste empréstimo. Já conversei com o prefeito para que possa contemplar o prédio da Câmara, ao lado da Prefeitura. O que a Câmara gasta com seus aluguéis – em torno de R$ 33 mil mensais – devolveria para a Prefeitura, para ajudar no pagamento. Hoje, o prédio da Câmara é somente o plenário, a sala da presidência e a cozinha. O restante, todas as extensões, são alugadas, assim como os gabinetes dos vereadores. Quando tivermos uma nova sede, meu sonho pessoal é fazer no prédio atual o Museu do Caiçara, principalmente em memória dos antigos caiçaras, que ajudaram a cidade a se desenvolver. Essas pessoas precisam ser lembradas para que não percamos a nossa cultura.

RL - Qual mensagem o sr. deixa para a população de São Sebastião.
Coringa - Não mediremos esforços para fazer o que for possível para ajudar a população. Venham até a Câmara, participem das sessões, vejam o que os vereadores estão fazendo no dia a dia. Qualquer coisa que precisarem, estamos à disposição. Queremos trabalhar em prol da cidade. As cobranças são legítimas e por muitas vezes necessárias. Isso não nos deixa chateado, pelo contrário, acaba nos ajudando, apontando problemas que a gente não tem conhecimento e a partir daí podemos trabalhar para solucioná-los.